sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Edição Especial com Edson Gomes.

Biografia de Edson Gomes.


Nascido em 03 de julho de 1955, em Cachoeira de São Félix-BA, Edson Gomes pensava em ser jogador de futebol. Aos 16 anos, porém, a tendência musical foi mais forte e ele abraçou a carreira artística, ao ganhar o 1º lugar em um festival estudantil do colégio estadual de sua cidade natal. A música era "Todos Devem Carregar Sua Cruz". As dificuldades do inicio da carreira fazem o jovem Edson Gomes abandonar os estudos e lançar-se no mercado de trabalho.

Edson parte para São Paulo em 1982 e se emprega no setor de construção civil. Paralelamente, o cantor tece seu caminho musical: grava um compacto simples, como melhor intérprete do Festival Canta Bahia, e um outro pelo Troféu Caymmi, quando ganhou com a musica Rasta.

Seis anos depois, em 1988, gravou o disco Reggae e Resistência, de onde saiu seu primeiro hit nacional: a romântica Samarina,sucesso absoluto em Salvador, e Malandrinha que o tornou conhecido na mídia. Nesse trabalho já estava delineado seu estilo: um roots reggae engajado, profundamente inspirado por Bob Marley e Jimmy Cliff. Foi o primeiro disco lançado pela EMI (Electric and Musical Industries Ltd).

Em 1990, lança seu segundo disco, Recôncavo. Em 1992, sai o terceiro LP, Campo de Batalha. O sucesso se espalha pelo nordeste e pelo Brasil. Edson é requisitado para shows em Alagoas, Sergipe, Maranhão, Bahia para platéias de 5.000 pessoas.

1995- O quarto album, "Resgate fatal", na verdade em LP, também em CD, chega em 95, com sucesso absoluto de vendas e de rádios, emplacando a canção Isaac.

A EMI resgata os sucessos antigos do artista e em sua série "Meus Momentos" (volume 1 e 2) de grande aceitação pelo público.Não há como negar, as músicas de Edson Gomes são inspiradas nos dramas sociais do cotidiano, daí sua conotação política, que encontra eco em movimentos culturais, sindicais e estudantis.

Em 1996, Edson abre o show de Alpha Blondy em Salvador, realizado no Costa Verde Tênis Clube, onde tocou para quase 22.000 pessoas que cantaram suas musicas. Foi o maior evento de reggae do ano na Bahia.

O album Apocalipse, lançado em 1999, esse trabalho não foge a regra, traz músicas contundentes como Camelô (Edson Gomes / Zé Paulo Oliveira), O país é culpado e Apocalipse (também do autor); porém, Edson explora seu lado romântico em canções como Perdido de Amor (que chegou a ser gravada pela Timbalada), Amor Sem Compromisso, Me Abrace e outras.

1999- Outro álbum foi lançado onde teve como título "Acorde, Levante e Lute".

No mesmo ano de 1999, Edson deixa a gravadora EMI, que resgata os sucessos antigos do reggaemen, lançando-os na coletânea dupla Meus Momentos, com grande aceitação do público.

O cantor tem uma legião fiel de seguidores, devido aos dramas sociais do cotidiano, embora não tenha uma grande fama nacional, devido a suas críticas a vários setores da sociedade. Em 2001, lançou seu primeiro disco independente, Acorde, Levante e Lute.

Seu trabalho mais recente é Ao Vivo em Salvador, seu primeiro CD e DVD ao vivo, registro de um show no parque aquático Wet'n'Wild de Salvador, Bahia, em dezembro de 2005.

Discografia

• Reggae Resistência (1988)
• Recôncavo (1990)
• Campo de Batalha (1992)
• Resgate Fatal (1995)
• Meus Momentos (Coletânea) (1997)
• Apocalipse (1999)
• Série Bis (Coletânea) (2000)
• Acorde, Levante e Lute (2001)
• Ao Vivo em Salvador (2006, CD e DVD ao vivo).

O "reggae protesto", se assim podemos definir, é uma de suas características. Apesar disso, ele afirma que nunca se envolveu diretamente com política. No máximo shows em campanhas e [pasmem!] nem sempre para os chamados partidos que defendem os interesses do povo. "Já trabalhei mais para a direita do que para a esquerda. Eu era criticado por trabalhar para a direita, mas a esquerda não me dava espaço", desabafa.

Em relação aos poucos shows que realiza, Edson justifica: "a música que eu faço não atende ao sistema. Contraria o objetivo dos dominadores. Ela é preocupada com os problemas sociais. Desmente os dominantes que dizem se preocuparem e por isso fica de fora da maioria dos eventos do governo.” O cantor está, por exemplo, há dez anos sem tocar em sua terra natal, Cachoeira [há 110 quilômetros de Salvador]. "Para ficarem isentos da crítica pública, para dar uma satisfação ao povo que pede meu show, eles oferecem um cachê pequeno e aí eu não toco", explica. "Só entrei no Festival de Verão, por exemplo, porque Mauricio Magalhães [até então diretor da empresa responsável pelo evento] é meu fã.", revela.


Reggae
"A Bahia tem muito grupo de reggae bom, mas a galera não está conseguindo manter o diálogo, manter a pegada", afirma. "Falta consciência. Fica parecendo que o reggae é modismo", completa. "As letras falam de tudo sem direção, é reggae só na melodia", alfineta. Para Edson, seu irmão, Edd Brown, e Cristal são os novos representantes na Bahia do reggae "propriamente dito".

Edson Lamenta:
Se os representados nas letras não ouvem - ou não entendem - a mensagem, o cantor encontrou em outra classe seu público. "Hoje a classe média ouve reggae com consciência", afirma. O motivo? "Eles ficaram sem referência musical. Seus antigos ídolos, Raul [Seixas], Caetano [Veloso], a Tropicália, enfim, todos aderiram ao sistema". "Hoje esses artistas, que eram referência, precisam se juntar a novos para terem espaço", opina.

Edson salienta também a importância de explorar a música como disseminador de ideais. "A música é o veículo mais poderoso que rádio e tevê. Ela fica na mente", justifica. "A música pode levar as pessoas à reflexão", acrescenta.

Carnaval :
E os trios elétricos com reggae, não seria uma maneira de levar consciência ao povo? Para ele, reggae no carnaval só se for em um palco digno. "O que adianta sair em trio elétrico em um horário que não tem mais ninguém na rua?", questiona. "Queremos apenas um palco digno. Algo como o palco do rock, em Ondina", pede. Se dependesse dele, ninguém do reggae participaria do Carnaval da forma que vem sendo feito. "O que acrescenta na vida profissional desses grupos tocar no Carnaval?", completa. "Reggae no carnaval não tem gosto. Até um pão com manteiga tem mais gosto", brinca. "A gente não tem nada a ver com carnaval. O carnaval é do axé. Não vamos competir com eles", finaliza.

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