sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

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Suspensão de concursos públicos gera frustração/Tatiana Ribeiro.


O clima é de dúvida e apreensão entre alunos dos cursos preparatórios para concursos públicos em Salvador, após a suspensão de novos exames e mesmo até a nomeação de pessoas já aprovadas no serviço público federal com programação para assumir este ano.

No Brasil, mais de 30 concursos, dentre eles, INSS, Polícia Federal e Senado Federal, que estavam previstos para serem abertos este ano, - sendo a maioria com vagas para a Bahia -, não ocorrerão. A medida anunciada na última quarta-feira, pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, encabeça um corte de R$ 50 bilhões no orçamento do governo. Para dirigentes de cursinhos, a iniciativa deve ser de caráter provisório, já que fere alguns princípios da constituição.

Entrar no serviço público federal é o sonho de muitos brasileiros. A tarefa não é fácil e exige muitas horas de dedicação, estudo, e até renúncia do lazer nas horas vagas. Se antes já era difícil passar num concurso, a situação ficou ainda pior, já que mesmo sendo aprovado ou classificado, o aluno não poderá ser nomeado. Como o caso do Fisioterapeuta e bacharel em Direito, Alessandro Melo, que prestou exames para o Ministério Público da União (MPU), em setembro do ano passado, para o cargo de técnico de Orçamento, e foi classificado para a função.

Ele reconhece que a iniciativa do governo Lula em diminuir os cargos comissionados e terceirizados do serviço público criou uma grande expectativa. Muitas pessoas se dedicaram e investiram, deixando até mesmo de trabalhar para estudar.

“Com o aumento de concursados, se percebeu uma melhora dos serviços públicos. A renovação de cargos trouxe pessoas com especialização, mestrado e doutorado. Inclusive no final de 2010, Lula aprovou uma lei para a liberação de recursos para concursos públicos. Já estava estimado, já estava orçado. Cria uma desconfiança no governo, essa decisão vem na contramão nesse sentido”.

Para a Engenheira Erilane Ferreira, que foi aprovada após prestar concurso para a função de operador de processo petroquímico, em maio do ano passado, a decisão do governo desestabiliza qualquer um. “É um direito meu. Dediquei meus dias. Investi num curso preparatório em que pagava mais de R$ 200 por mês, dinheiro que pesava no meu orçamento, passei para o cargo. Era o sonho da minha vida, e, de repente, não posso assumir? Isso é arbitrário”.

Notícia motivadora?
Segundo o diretor comercial da Casa dos Concursos, Joziel Dórea, o governo não pode parar a máquina e deixar de contratar. "Pela lei é proibido. Até porque o Banco do Brasil e a Caixa Econômica assinaram um contrato, sendo que uma das cláusulas, consiste a nomeação de 11 mil pessoas até 2014. Toda vez que o governo fala em cortar gastos, a primeira coisa que cogita é a suspensão de concursos públicos.

Esse filme nós já vimos no passado e ele nunca chegou a ser consolidado. A suspensão não implica o cancelamento”. Ainda conforme Dórea, existe um clima de apreensão dos alunos, que está sendo tranquilizado, já que o governo não pode estancar a necessidade de renovar ou completar seu quadro de pessoal.

“Todos os órgãos públicos, em especial, aqueles de nível federal estão deficitários. Para o candidato a uma vaga, esta notícia só pode ser motivadora por dois motivos. O primeiro é que suspender significa que num momento posterior o edital vai aparecer, e o segundo é que o candidato que realmente está buscando uma vaga vai contar com a diminuição da concorrência, pois muitos desavisados irão confundir a suspensão com o cancelamento e vão se desmotivar”.

Greve na construção civil congestiona a cidade/Cristiane Felix e Rodrigo Lago.

Após decidirem em assembleia entrar em greve por tempo indeterminado, os trabalhadores da construção civil deixaram de lado o trabalho nos canteiros de obras e fizeram passeata ontem por algumas das principais ruas e avenidas de Salvador. Pela manhã, mais de 250 homens marcharam dos condomínios Le Parc e Manhattan Square, na Paralela, até a Praça do Campo Grande, deixando ainda mais caótico o trânsito da cidade. À tarde, em uma rodada de negociações, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção e da Madeira da Bahia (Sintracom) e o sindicato patronal discutiram novas propostas. Em todo estado, 140 mil trabalhadores cruzaram os braços.

Após a segunda tentativa de negociação, realizada a partir das 14h de ontem na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), não houve qualquer acordo entre patrões e categoria. Com a situação indefinida, a greve segue sem previsão para acabar e uma nova reunião foi marcada apenas para o dia 17 desse mês.

“A demora é uma tentativa de enfraquecer o movimento, mas eles não vão conseguir. Vamos nos manter firmes até que a categoria consiga um reajuste aceitável”, garantiu Raimundo Brito, ex-presidente e atual diretor de imprensa do Sintracom. Novos protestos irão mobilizar a categoria hoje. Em passeata, os trabalhadores seguem novamente até o Largo de São Bento, onde fazem reunião às 9h.

As manifestações geraram transtornos. De manhã, na Avenida Paralela, os motoristas tiveram que ter bastante paciência. Com o apoio da Polícia Militar, agentes da Superintendência de Trânsito e Transporte (Transalvador) conseguiram uma faixa para passagem de veículos. “A greve é um direito do trabalhador, mas é direito do ser humano ir e vir. As manifestações não devem impedir a circulação das pessoas. Isso é um absurdo, tenho horário”, disse a dentista Ana Carolina, enquanto aguardava a desobstrução do trânsito na Avenida Paralela.

Situação ainda pior viveu a dona de casa Célia Martins. “Meu carro está sem combustível, ia parar no posto logo adiante, mas com esse congestionamento o carro consome mais, né? Estou com o coração saindo pela boca com medo de ficar aqui parada”, disse preocupada.

SEM ACORDO – Em assembleia realizada na sede do sindicato na última terça-feira, 8, a categoria não aprovou a proposta da mediação sugerida pela SRTE, que oferecia um reajuste de 11,07%. O presidente do Sintracom, José Ribeiro, garantiu que a categoria aceitaria um reajuste de no mínimo 15%. No entanto, até a última reunião, os patrões haviam oferecido um reajuste de apenas 6,47%, equivalente ao acumulado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) para 2010.

Inicialmente, os sindicalistas pediam aumento de 18,7%, valor que incorpora a correção da inflação (de 6,91%) e o índice de crescimento do setor no ano passado (11%). Além disso, o sindicato defende a fixação de três pisos salariais para os diferentes cargos da categoria: R$ 1.050, para operário qualificado; R$ 653,60, para ajudante prático e R$ 615,27 para ajudante comum.

CRESCIMENTO – O ano de 2009 foi o da construção civil em Salvador. Nunca foi tão visível o aquecimento do setor na capital baiana. Segundo dados da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA), foram vendidas 12,1 mil unidades no ano passado. Deste total, 80% de empreendimentos residenciais. Já para 2010, a expectativa era 15 mil unidades.

Estudantes também fizeram manifestação

A manhã de quinta-feira foi mesmo marcada por protestos em toda a cidade. Em manifestação contra o reajuste das passagens dos ônibus coletivos de Salvador, cerca de 200 estudantes do movimento Revolta do Buzu 2011 seguiram em passeata do Campo Grande, de onde saíram às 10h, até o Dique do Tororó, no percurso passaram pelas Avenidas Sete de Setembro e Joana Angélica e além da Estação da Lapa.

No Dique, os estudantes bloquearam a passagem dos veículos nas pistas durante cerca de uma hora. Apenas os carros eram liberados a cada cinco minutos enquanto os ônibus só puderam passar com o final do protesto. De acordo com a Superintendência de Trânsito e Transporte do Salvador (Transalvador), o trânsito no Centro da cidade ficou complicado durante toda a manhã e início da tarde.

Os manifestantes prometem nova mobilização na próxima terça-feira, dia 15. O horário e o local seriam divulgados depois de uma assembleia iniciada às 16h de ontem, no Colégio Central. De acordo com informações, a intenção é tornar a manifestação mais expressiva com a participação de 400 estudantes.

Salvador pode ter carnaval sem cordeiros/Thiago Pereira.

Figura típica do carnaval de Salvador, o cordeiro pode estar em vias de extinçãio. Segundo o presidente do Conselho Municipal do Carnaval e proprietário do Bloco Internacionais, Fernando Bulhosa, os empresários ligados à maior festa de rua do mundo já estão a procura de uma alternativa que torne a atividade dos cordeiros obsoleta. A implantação de gradis, assim como ocorre em shows e em eventos como a São Silvestre, é uma das possibilidades.

“Estamos estudando uma fórmula para não ter mais cordeiros, porque todo ano temos dor de cabeça com eles. Os limitadores de avenidas são uma das opções. Em várias modalidades esportivas eles são utilizados. Vamos analisar e definir a melhor proposta”, disse Bulhosa, negando que a instalação dos gradis prejudicaria o folião pipoca, que festeja o carnaval dos calçadões, sem aderir a qualquer bloco. “Eles terão até mais espaço para curtir”, disse o presidente do Conselho Municipal do Carnaval.

A ameaça a atividade dos cordeiros foi gerada, principalmente, pelo desgaste nas negociações entre proprietários de blocos carnavalescos e o Sindicato dos Cordeiros de Salvador (Sindcorda). Na tarde de ontem, no prédio da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), na Rua Carlos Gomes, mais um encontro entre as duas partes terminou sem definição. O valor da diária paga durante o carnaval foi, novamente, o grande entrave para um acordo. Enquanto representantes do Sindcorda defendiam o pagamento de R$ 30 para blocos com até 200 cordeiros e R$ 40 para os que demandavam um maior número de profissionais, os empresários pleiteavam o pagamento unificado de R$ 28 ao dia. No ano passado, a diária dos cordeiros foi de R$26,50.

“Todo ano é essa polêmica. Falta coerência, equilíbrio. Sempre querem um aumento que brasileiro nenhum teve. Valores acima da inflação. Isso é fora da realidade”, salientou Bulhosa. Para Percival Bispo, presidente do Sindicato dos Cordeiros de Salvador (Sindcorda), o valor reivindicado pela categoria condiz com as necessidades apresentadas durante os circuitos da festa. Caso não haja consenso, o Carnaval de Salvador pode sofrer com uma greve de cordeiros. “Se os blocos não chegarem ao valor que queremos, nós vamos parar. Não somos escravos. Queríamos diária de R$50 e baixamos o valor para flexibilizar. Mas eles insistem e permanecer no impasse”. Uma nova reunião entre as categorias deve ser marcada na próxima semana.

Para dar fim à polêmica, Percival Bispo descartou a possibilidade dos cordeiros deixarem de existir. “O Bulhosa não tem poder para isso. Ele é apenas o presidente do Conselho Municipal do Carnaval, e não o prefeito. Se isso realmente fosse levado a sério, já teria ocorrido antes. O fim dos cordeiros, como ele diz, é apenas uma ilusão”.

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