Dobradinhas inusitadas marcam eleição
Publicada: 09/09/2010 00:18/Atualizada: 08/09/2010 23:00 /Lílian Machado.
Na disputa para as eleições de 03 de outubro, uma das questões que mais têm chamado a atenção do eleitorado são as “dobradinhas” entre os candidatos, principalmente, entre aqueles que concorrem a uma vaga na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal.
A prática em que um candidato apoia o outro passa por todos os partidos, tendo como regras desde os laços familiares, até a coincidência sobre as bases eleitorais dos postulantes. No entanto, em muitos casos, o respeito às coligações e as ideologias partidárias têm sido deixados de lado, revelando dobradinhas, no mínimo, “inusitadas”.
Na corrida para o Legislativo estadual e federal, uma das parcerias que têm surpreendido pelo fato de os candidatos terem seguido caminhos diferentes no apoio às chapas majoritárias é a do presidente da Assembleia, deputado Marcelo Nilo (PDT), e seu ex-correligionário, o deputado federal Jutahy Magalhães Jr. (PSDB).
Embora andem de mãos dadas, suas legendas se desencontram no apoio aos postulantes ao Palácio de Ondina, sendo o pedetista um forte aliado do governador Jaques Wagner (PT) e o tucano apoiador de Paulo Souto e coordenador da campanha do presidenciável José Serra (PSDB) na Bahia.
Segundo rumores, os candidatos têm parceria em mais de dez municípios baianos, a exemplo de Fátima, Novo Triunfo, Itiruçu e Utinga. “O legado político de Nilo, ele deve a Jutahy. Porém, no momento atual, Nilo passa a não dever mais nada ao tucano já que agora ele é quem tem carregado à eleição de Jutahy”, comentou uma fonte ligada ao PSDB que não quis se identificar. A reportagem procurou os dois candidatos, mas eles não foram encontrados.
COLIGAÇÃO - Outra dobradinha que tem se destacado no cenário eleitoral deste ano pela adversidade partidária é a da candidata à reeleição para estadual Maria Luíza Carneiro (PSC) e o deputado federal ACM Neto (DEM). Enquanto o partido da primeira-dama integra a coligação que apoia o candidato ao governo Geddel Vieira Lima (PMDB), o democrata é correligionário do candidato ao governo, Paulo Souto (DEM). Os dois se aliaram na busca por votos em Salvador e mais cinco cidades do interior, como Sapeaçu, Governador Mangabeira e Cabaceiras do Paraguaçu.
ACM Neto disse que normalmente segue dois critérios para formar dobradinha com outro candidato: a geografia política e a aproximação do método de trabalho e de campanha. “A geografia política acaba aproximando candidatos a deputado federal de um outro estadual e vice-versa. Além disso, conta a afinidade. Nem todos são assim, mas eu pelo menos seleciono os candidatos para fazer dobradinha a partir dessas duas questões”, afirmou.
Segundo o democrata, o fato de a primeira-dama do município ter uma militância política em comum com a sua facilitou a proximidade no processo eleitoral. Conforme Neto, também contribuiu a combinação dos métodos de campanha de Maria Luiza, que são “complementares” aos seus.
Wagner: tempo do chicote já passou
Publicada: 09/09/2010 00:18/Atualizada: 09/09/2010 00:09/Fernanda Chagas.
Fica cada vez mais acirrada a “guerra” entre o PT e o PMDB baianos. Em meio ao fogo cruzado, o governador Jaques Wagner, entretanto, acabou por surpreender ao atacar de forma direta o ex-aliado Geddel Vieira Lima. Ontem, ao final da carreata em Governador Mangabeira, cuja prefeita peemedebista Domingas Oliveira declarou apoio a sua candidatura, o líder petista, num claro sinal de afronta ao PMDB, disse que é um grande prazer estar ao lado dela.
“Pois, Domingas tem trajetória semelhante ao povo do Brasil, povo negro que já foi escravo. Desde que a conheci, me apaixonei pela figura humana e política, pela sua coragem e destemor de não aceitar que lhe coloquem cabresto ou ordem. Tenho muito orgulho dessa parceria”.
Por tabela, Wagner aconselhou a prefeita a não ligar para as ‘bobagens’ ditas pelos adversários. “Obra para mim não tem nada a ver com partido político. A mãe de todas as obras é a necessidade do povo, que é o dono delas, porque paga os impostos. Durante a minha gestão, eu sempre trouxe o que a cidade precisou, sem olhar para o partido de prefeito A, B ou C.
Alguns não querem entender que o mundo mudou e que política não se faz mais com chicote na mão edinheiro na outra. O dinheiro de emergência que foi liberado para a cidade é o do povo e não tem por que ninguém capitalizar”, disparou num claro recado ao PMDB.
Wagner citou ainda como exemplo algumas obras que já estão com verba liberada, entre elas a reforma do Centro Médico Otto Alencar, a construção do Posto de Saúde da Família, a revitalização da Fonte das Cabeças e a construção de uma quadra poliesportiva. Por fim, o governador, fugindo ao seu tom habitual, reiterou o profundo orgulho que sente pela amizade com a prefeita. “Negra, ex-doméstica e mulher, ela se fez respeitar nessa cidade”.
Domingas Oliveira, por sua vez, reiterou que tem sofrido muito com as pressões que vem recebendo, mas enfatizou que todas as obras dessa cidade vieram através de Wagner e Lula. “Está forte a pressão porque eles querem o meu mandato, mas eu não vou largar Wagner e estou tomando todas as providências para responder a eles. Não tenho medo de nada e peço para vocês me presentearem votando em Wagner”, disse, complementando ter sido destratada pelos irmãos e humilhada, por apoiar o governador.
“Mas não arredarei o pé do PMDB. Em 2008, fui eleita com o apoio do PMDB e do PT, que estavam unidos. Portanto, não podem me acusar de infidelidade”, reforçou.
Gestor de Cachoeira reforça crise
A Executiva Estadual do PMDB recorreu ao Conselho de Ética ameaçando Domingas de expulsão. O partido suspendeu a gestora por 60 dias até o julgamento da questão e quer ainda a perda do seu mandato pelo mesmo motivo. Para tanto, recorre à Resolução Nº. 03/2010, que diz: “Todos os filiados do PMDB deverão respeitar os candidatos escolhidos na convenção, inclusive participando da campanha, vedando o apoio direto ou indireto a candidatos que não sejam da coligação”. Em entrevista recente à Tribuna da Bahia, o secretário geral do partido, Almir Melo, disse que “tantos que cometerem infidelidade serão expulsos”.
Reforçando a crise, ontem mais um prefeito do PMDB aderiu à campanha do PT. Tato Pereira, líder do Executivo de Cachoeira, externou seu apoio a Wagner, Pinheiro, Lídice e Otto em meio a uma carreata pelas principais ruas da cidade. “O governo do estado foi um verdadeiro parceiro de Cachoeira através do PAC das cidades históricas, além de trazer universidades para a região.
Por isso eu confio no time de Wagner. Tenho certeza que ele fará um governo ainda melhor que o primeiro, e Pinheiro e Lídice serão essenciais para esse trabalho”, declarou o prefeito.
Wagner, sem esconder a satisfação do crescente apoio de prefeitos que não fazem parte da coligação, ressaltou mais uma vez a importância de eleger os dois senadores da sua chapa, Walter Pinheiro (PT) e Lídice da Mata (PSC). “É importante lembrar que precisarei de Pinheiro e Lídice no Senado. São eles que, com João Durval, vão ajudar meu governo e o de Dilma”. (FC)
Marina critica Lula sobre episódio da quebra de sigilo fiscal
Publicada: 08/09/2010 14:59/Atualizada: 08/09/2010 14:59 /Agência Brasil.
A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, criticou hoje (8) a defesa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem (7), no horário eleitoral gratuito, em favor de Dilma Rousseff, isentando a concorrente petista de ter tido qualquer participação no episódio da quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas aos tucanos.
Na avaliação de Marina, esse comportamento não contribui para elevar o nível de discussão política. “Relevar o fato é levar o fato para o terreno político”, disse Marina Silva. Ela classificou como grave a quebra de sigilo e voltou a cobrar maior empenho do governo federal na apuração do caso, justificando que é necessário “punir e dar uma satisfação ao contribuinte”.
Essas declarações foram feitas na sede da Fundação Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos), na capital paulista, após a candidata assinar o Termo de Compromisso Presidente Amigo da Criança, documento em que se compromete, caso eleita, a desenvolver programas de governo de melhoria do ensino público e de outras ações visando à proteção das crianças. O mesmo documento já foi assinado pelos concorrentes do PSDB, José Serra, e do PT, Dilma Rousseff.
Marina Silva defendeu novamente uma maior fatia de recursos financeiros para a educação, com a elevação dos atuais 5% para 7% de participação no Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país. Para ela, muitas crianças e adolescentes estão recebendo ensino inadequado, porque existem falhas na formação dos professores.
Para melhorar esse quadro, na opinião da candidata, além de elevar a qualidade dos docentes é necessário criar programas extracurriculares, com atividades como passeios pedagógicos, visitas a museus e bibliotecas, e combinar essas medidas com outras políticas públicas, entre as quais obras de saneamento básico, combate ao tráfico de drogas e de armas e acolhimento dos menores cujos os pais ou responsáveis estão despreparados para a formação educacional.
Hoje à tarde, Marina Silva permanece na cidade de São Paulo, mas sem agenda de campanha. À noite participará do debate promovido pela TV Gazeta.
Jardim Pantanal: expressão do descaso com o povo
O candidato à Presidência da República pelo PSOL, Plínio Arruda Sampaio, voltou ao Jardim Pantanal, em (5 deagosto) na Zona Leste da capital paulista. Plínio foi recebido por moradores em uma assembleia comunitária que discutia a intransigência da Prefeitura comandada pelo DEM/PSDB, que segue tentando expulsar as pessoas de suas casas para construir o Parque Linear Várzea do Tietê. O presidenciável percorreu ruas do bairro acompanhado de militantes do PSOL, apoiadores e do candidato a deputado federal Marzeni.
A situação de abandono em que vivem cerca de cinco mil famílias impressiona. O mau-cheiro exalado das valas de esgoto a céu aberto pode ser sentido em quase todas as ruas. Como o poder público se recusa a implementar obras de infraestrutura no local – embora as primeiras famílias tenham sido deslocadas para a região pelo governo do Estado há quase 20 anos -, os moradores foram obrigados a instalar sistemas de mangueiras para assegurar o abastecimento de água. A precariedade das instalações, no entanto, deixa visível a proximidade das “vias” de água potável com o esgoto. Em dias de chuva tudo se mistura.
Durante a visita, uma moradora denunciou que nesta semana os pais de alunos de uma das escolas próximas do bairro foram chamados a uma reunião e convidados a organizarem mutirões de limpeza da unidade escolar porque o contrato com a empresa terceirizada que hoje presta serviços não será renovado e não há substitutos. Ou seja, a população paga os impostos, fica abandonada e ainda tem que fazer o serviço que é obrigação do Estado.
A situação do Jardim Pantanal, Jardim Romano e região é expressão do Brasil real, das politicas dos governos tucano e petista para o povo pobre. Os moradores viveram por dois meses em situação de alagamento (entre dezembro do ano passado e fevereiro deste ano) em razão das comportas da barragem da Penha terem sido fechadas para evitar o escoamento de águas para a Marginal do Tietê.
O resultado foi a morte de oito pessoas, a contaminação e adoecimento de centenas, a perda de casas e pertences. A solução apresentada pela Prefeitura foi o chamado “aluguel social” (300 reais por mês) para que os moradores deixassem suas casas. E o poder público vem demolindo residências e pressionando as famílias para deixar o local sem oferecer alternativa real para as pessoas, que reivindicam o básico: casa para morar.
“Aqui não chega o ‘Minha Casa, Minha Vida’ e nenhuma outra ação do poder público além da repressão”, denunciou uma das pessoas que conversaram com a comitiva de militantes durante a visita do candidato.
Plínio Arruda Sampaio participa hoje(08/09/10), quarta-feira, às 23h, de mais um debate entre os presidenciáveis. Desta vez, ele apresentará as propostas do PSOL na TV Gazeta.
Marina Silva (PV) e José Serra (PSDB) estarão presentes no debate, enquanto Dilma Rousseff (PT) não confirmou sua participação.
Plínio tem se destacado nos debates por expôr diretamente as opiniões do partido, sem se esconder atrás das regras do marketing político. Numa eleição onde os três mais bem colocados nas pesquisas apresentam projetos muito semelhantes – e se colocam como candidatos da ordem vigente – também justifica que a exposição de Plínio na TV repercuta sempre com muita força na internet.
Apesar de não ser segredo pra ninguém que as eleições no Brasil têm graves limitações democráticas, estas são oportunidades de afirmação de nossa opção pela igualdade. Plínio também participará dos debates na Rede TV (dia 12), SBT Nordeste (dia 20), TV Record (dia 26) e Rede Globo (dia 30).
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